A gente lê: Cidade Pequena, Cidade Grande, o primeiro livro de Jack Kerouac

Publicado em 1950 (mas escrito por muitos anos), Cidade Pequena, Cidade Grande é o primeiro livro de Jack Kerouac. Trata-se da história dos Martin, uma família da cidadezinha imaginária de Galloway localizada já quase no Canadá (qualquer semelhança com Lowell, a terra-natal do autor, não é coincidência).
São três irmãs e seis irmãos (um falecido quando criança), porém Kerouac gosta mesmo é de Joe, Peter e Francis. Cada um tem uma característica predominante, mas a sensação de deslocamento e de desamparo está sempre presente. Ok. Eles são jovens e, por isso, desajustados, certo? Errado. Porque a mesma angústia ronda também George Martin, o chefe da família (e, para mim o personagem-chave da estória). Em diversos momentos, ele anseia por uma mudança, no entanto as responsabilidades de pai e marido acabam o prendendo - seria uma ode de Kerouac contra o compromisso?
Se a partir de seu segundo romance, o grande On The Road (1957), o escritor fará uma obra extremamente memorialista (apenas substituindo os nomes das personagens reais), Cidade Pequena, Cidade Grande ainda é um romance. Joe, Peter e Francis, por exemplo, não existiram, embora eu ache que a soma dos três resultem no Kerouac.
Pensando assim, eu diria que é um relato meio exagerado da história do autor antes de criar o movimento beat. Vocês perceberão que, no finalzinho da história, o irreal Peter, já em Nova York, conhecerá amigos muito parecidos com Allen Ginsberg, Lucien Carr, Burroughs e companhia.
É um livro belo, muito bem desenvolvido, um pouco cansativo (demorei para pegar no tranco), mas pode deixar você um tanto emocionalmente dolorido.
Ficou com vontade de ler? Cadastre-se no Shereland e inclua a obra na sua wishlist de leitura.
Livros relacionados
Anjos da Desolação
On The Road
Kerouac - The King of Beats
Cidade Pequena, Cidade Grande
E Os Hipopótamos Foram Cozidos em Seus Tanques
Posts relacionados
A gente lê: Anjos da Desolação
O último parágrafo de On The Road, lido por Kerouac (o próprio)
Frases e citações de Jack de Kerouac em Anjos da Desolação
A gente lê: a biografia Jack Kerouac King of The Beats, de Barry Miles
Turismo literário: os points de Kerouac e outros escritores beats em Nova York
Escrito entre 1917 e 1918, Noite e Dia é o segundo livro de Virginia Woolf. De acordo com o estudioso Antonio Bivar, é uma "tentativa de escrever um romance convencional" e a última obra criada antes da escritora aderir de vez ao modernismo.
Francisco "Ciccio" de Hollander (ele mesmo?) está mexendo na vasta biblioteca do pai, Sergio de Hollander (ele mesmo?), quando encontra no meio de um dos livros uma carta de uma desconhecida falando sobre um filho bastardo na Alemanha.
Isso mesmo, antes de ser o filme sensação de 2013, Azul É a Cor Mais Quente é a HQ de estreia da francesa Julie Maroh.
Resumidamente, a HQ mostra o que acontece quando o primeiro amor acontece de ser por alguém do mesmo sexo. 
Quer saber mais sobre o mito Jack Kerouac? Muito simples, leia os livros escritos por ele. Seus textos são memoriais não só sobre a própria vida, como dos amigos, muitos deles escritores. No entanto, se você (como eu) está curioso pelas fofocas ("Keroauc pegava o Neal Cassady?", "era apaixonado pela mãe?", "era racista e homofóbico?") recomendo com ressalvas Jack Kerouac King of the Beats, biografia em que o inglês Barry Miles não poupa nada. Nada mesmo.
Deixe um comentário:
Nenhum comentário. Seja o primeiro!