A gente lê

Aqui contamos para você qual é o livro que a gente anda carregando na mochila. (Porque, acima de tudo, nós do Shereland somos leitores)

A gente lê: Persépolis

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Marjani Satrapi deixou definitivamente seu país natal, o Irã, em 1994 para viver na Europa. Desde então, ouviu tantos absurdos sobre sua cultura, que decidiu apresentar ao mundo uma versão mais genuína (e em quadrinhos) sobre como foi passar a adolescência sob uma ditadura islâmica. "Porque você não pode responder à estupidez com estupidez, você não pode responder à violência com violência", disse ela em entrevista que coloco na íntegra no fim do post.

A história começa quando a autora tinha dez anos e seu país estava em ebulição. Era o ano de 1979, e cidadãos levantaram-se contra a monarquia em prol de um regime republicano. Acontece que, quando caiu o Xá, quem subiu ao poder foram os aiatolás - religiosos radicais- e, o que era para se tornar uma revolução libertária, torna-se uma ditadura islâmica. 

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persepolis1.gifEntão, a menina Marjoni começa a ser sufocada por uma série de transformações loucas. De um dia para o outro, a escola separa meninos e meninas, o véu torna-se obrigatório, seus conhecidos começam a 'ir viajar' para nunca mais voltar... 

persepolis.gifSó que a autora - parte de uma família bem moderna - passou sufoco para abaixar a cabeça para tanta repressão, e seus os pais decidiram então mandá-la para a Áustria quando ela tinha apenas 14 anos.

Marjoni esmiúça esses anos em que vive solitária. No continente estranho, ela descobre o amor, as desilusões, as drogas e vai até traficar na rica escola onde estudava. 

Depois de quase morrer, a moça, já com 18, volta ao Irã e encontra o país e seus amigos detonados pela guerra contra o Iraque.

Aí vocês acham que a vida da heroína melhora? Que nada! Se Marjoni era vista como uma 'terrorista estranha' na Europa, no Irã ela será a 'biscate desertora'.

Claro que a HQ trata-se da versão de uma moça que não é a maioria. Marjani pertencia a uma família moderna, de mente aberta e rica em um país onde 75% da população vivia na época abaixo da linha pobreza. Mas, ainda assim, fechei a obra sentindo que aprendi o que a escola jamais me contou. 

O livro virou filme em 2007, mas ainda não assisti :-/ Na ocasião, Marjani deu uma entrevista ao Movieweb que coloco abaixo (em inglês) e de onde tirei algumas informações para este post.

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A gente lê: Doze Contos Peregrinos

No início da década de 70, Gabriel García Márquez decidiu escrever um livro com as histórias de latino-americanos que atravessaram o oceano para, por um motivo ou outro, viver na Europa (situação que ele mesmo enfrentou). Daí, saíram 64 contos que foram revisados, desmontados e até completamente descartados (52 histórias não sobreviveram) por 18 anos. 

Doze Contos Peregrinos foi publicado apenas em 1992. Mas por que tanta dificuldade? No prefácio da obra, Gabo explica qual é a diferença entre escrever um conto e um romance:

"O esforço de escrever um conto curto é tão intenso como o de começar um romance. Pois  no primeiro parágrafo de um romance é preciso definir tudo: estrutura, tom, estilo, longitude e às vezes até o caráter de algum personagem. O resto é o prazer de escrever, o mais íntimo e solitário que se possa imaginar, e se a gente não fica corrigindo o livro pelo resto da vida é por que o mesmo rigor de ferro que faz falta para começá-lo se impõe na hora de terminá-lo. O conto, por sua vez, não tem princípio nem fim: ou anda ou desanda"

Tanto esforço valeu a pena. A obra traz histórias agradabilíssimas, que, embora com um tom de relato jornalístico, não deixam o fantástico de lado.

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A seguir, listo o nome dos doze contos do livro e tento explicar cada um deles em apenas uma frase. Coloquei '*****' nos meus favoritos ;)

Boa viagem, senhor presidente
Em Genebra, m casal humilde de imigrantes estende a mão a um conterrâneo doente que é ninguém menos que o ex-presidente de seu longínquo país.

A santa*****
Um homem viaja para Roma para lutar pela canonização de sua falecida filha, cujo corpo miraculosamente permaneceu intacto pelo tempo e sem peso algum.

O avião da Bela Adormecida
Um homem encontra a mulher de sua vida no aeroporto de Paris.

Me alugo para sonhar*****
Após ver o corpo de um defunto em Cuba, o autor se recorda de uma latina que ganhava a vida em Viena contando seus sonhos proféticos.

"Só vim telefonar"
Depois de sofrer um acidente, uma estrangeira faz de tudo para conseguir telefonar para ao marido. 

Assombrações de agosto
Uma família de turistas decide passar a noite na casa mal-assombrada de um escritor venezuelano.

Maria dos Prazeres
Após pressentir que vai morrer, uma ex-prostituta (provavelmente brasileira) começa a preparar seu túmulo para recebê-la.

Dezessete ingleses envenenados
No fim da vida, uma senhora tem um choque cultural em sua primeira grande viagem.

Trasmontana*****
Em Cadaqués, uma família de turistas enfrenta um fenômeno natural que, segundo os habitantes do município, são ventos que levam consigo "os germes da loucura".

O verão feliz da senhora Forbes
Os pais de duas crianças contratam uma rígida senhora alemã para  educar os filhos durante as férias escolares.

A luz é como água
Duas crianças de Cartagena fazem o que podem para levar o mar a Madrid.

O rastro do teu sangue na neve*****
Logo no início de sua lua de mel, uma moça se fere com o espinho de uma flor e não consegue estancar o sangue.

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A gente lê: Caverna do Dragão - O Reino

Li o livro super motivado com a propaganda na Bienal desse ano.

"Caverna do Dragão. Agora tem final!"

Pois é. Isso foi o bastante para me fazer comprá-lo.

Pra começar, isso não é uma história oficial - se trata de uma fan fiction, ou seja, uma história feita por um fã. Descobri pela internet que o final real não foi lançado por problemas de contrato, de não renovar a continuação dessa história. 

Mas vamos falar um pouco da história da fanfic. Ela realmente mostra como tudo começou (não sei se é o mesmo começo do original): os personagens já se conheciam, e após um jogo de basquete, resolvem ir à inauguração do parque. Lá, vão na montanha russa que desce pela montanha. Bom, o resto você já deve imaginar.

A história é muito boa. Não é um remake de todos os episódios, mas uma história nova, com as aventuras do garotos (como esperado), mas também há um grande aprofundamento no psicológico de cada um dos personagens. Em diversos momentos o autor nos trás acontecimentos antigos sobre eles, para entender suas personalidades (como por exemplo, mostra um pouco do porque o Eric é rabugento). Mas saí com uma impressão bem diferente do desenho no caso do Eric (achei ele menos rabugento e mais herói) e do Hank (ciumento) principalmente.

Porém, acho que a propaganda foi enganosa. Não tem bem esse final que a gente espera, e ainda ficam diversas perguntas não respondidas, além de uma frase final que não fez o menor sentido pra mim (e pra outras pessoas também, como vi pela internet). Agora vou precisar ler a próxima edição que ele lançou pra saber como as coisas terminam mesmo.

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A gente lê: Bilionários por Acaso

O livro da vez foi Bilionários por Acaso, de Ben Mezrich, que quis ler ler logo depois de ter concluído Startup Enxuta de Eric Ries.

Confesso que me animei principalmente pelo preço (R$5,00, em uma das promoções da Bienal desse ano), mas tinha vontade de conhecer um pouco mais da história. Vai que aprendo um pouco mais sobre startups, e posso aplicar algo aqui no Shereland? :)

Para quem não conhece muito, os personagens do livro são Mark Zuckerberg (sócio fundador do Facebook e quem teve a ideia) e Ricardo Saverin (sócio fundador também, brasileiro e que investiu seu dinheiro desde o começo).

Mas falando um pouco da história, ela não foge muito do que foi contado no filme A Rede Social. Mostra um pouco dos bastidores, também Mark conhecendo o Ricardo Saverin, e a vinda da ideia e o começo cheio de pegada para fazer o Facebook ser um sucesso.

O livro começa nos primeiros anos de Harvard, mostrando o lado de Eduardo Saverin (um dos fundadores) ao se integrar na faculdade. Ele pretende fazer parte dos clubes finais de Harvard (a Phoenix), e no meio da festa acaba conhecendo Mark. Eles voltam juntos, e Eduardo conhece um pouco mais de Mark. Mark já era um pouco conhecido (pelo menos por Eduardo) por ter recusado uma oferta bem tentadora (mas bem TENTADORA mesmo) da Microsoft. Essa parte passa de lado no filme, mas o autor do livro se aprofunda mais ao explicar como essas casas funcionam, a sua importância e tradição.

Depois disso, estamos praticamente vendo o filme. Temos a parte de genialidade do fundador em sua ideia (o que há quem acredite que tenha sido cópia da ideia do gêmeos Winklevoss, e acabou ficando com o crédito praticamente sozinho), o trabalho duro que eles fizeram, a pegada de correria e briga para o sucesso e as intrigas entre o pessoal presente. 

Sobre a ideia, a meu ver, parece ter havido uma certa adaptação da ideia deles (embora existissem outras parecidas na época, como o próprio autor mostra). Ressalto que não há depoimentos de Mark Zuckerberg. O autor busca a história com diversas pessoas, e aparentemente há bastante ajuda de Eduardo Saverin.

Sobre o aprendizado sobre startups, não é o foco (sim, já era um pouco esperado), mas a história dá uma boa motivada.

Interessados em ler? Me adicione no Shereland e é só pedir :) 
Dei uma olhada rápida, e vocês irão pagar uns R$20 se comprar.

E para quem ficou curioso sobre o filme A Rede Social, segue o trailer:

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A gente lê: O Apanhador no Campo de Centeio

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Não adianta. Sai ano, entra ano, e O Apanhador no Campo de Centeio sempre está ali entre os clássicos dos clássicos. No mês passado, o livro apareceu em oitavo lugar em eleição das 100 obras mais inspiradoras de todos os tempos (saiba mais sobre essa pesquisa clicando aqui ).

Só que fazia quatro anos que eu tinha lido o primor de J.D. Salinger e já estava começando a duvidar do seu poder. Reli então só para comprovar: sim, O Apanhador é realmente tudo isso.

Holden Caulfield é um adolescente que acaba de tomar bomba em um renomado colégio interno. É a terceira vez que ele é expulso de uma escola e, aí, decide 'fugir' e dar um tempo perambulando por Manhattan antes de enfrentar seus pais.

Gente, é só isso. 

Sei de muita gente que leu (inclusive minha mãe) e ficou inconformada, porque o livro é um aglomerado de pensamentos instáveis de um pirralho. Ok, não dá para contra argumentar. Mas o que torna a obra tão forte é o texto. A proeza de Salinger foi, no alto de seus 30 anos, conseguir reproduzir a oralidade e a rebeldia de um menino de 16. Ou melhor, de qualquer adolescente de 16 anos.

Não se convenceu ainda? Então vou roubar as palavras do próprio Holden para tentar explicar por que acho O Apanhador tão legal:

"Bom mesmo é o livro que quando a gente acaba de ler fica querendo ser um grande amigo, do autor, para se poder telefonar para ele toda vez que der vontade. Mas isso é raro de acontecer."

Comigo é exatamente isso que acontece. À medida que leio, não consigo evitar de criar um laço com o personagem e, quando percebo, já estou torcendo para cruzar com ele por aí. 

Holden é um tanto ranzina? Sim, mas um monte de gente é. Ele sai criticando todo mundo? Até que sim, mas não diria que realmente despreza a raça humana, porque logo depois de um comentário ácido vem o arrependimento. E aí é que está a chave: o que mais atraia na obra é justamente a humanização do protagonista. Nós somos Holden. 

Duvida? Estou preparando um post com as melhores frases do livro. Deve sair nesta semana. Aguarde ;)

E aquela história de que O Apanhador no Campo de Centeio teria inspirado assassinatos famosos?

O livro foi citado como inspiração de Mark Chapman (o assassino de John Lennon), Robert John Bardo (que matou a modelo Rebecca Schaeffer) e John Hinckley (que atentou contra a vida do então presidente Ronald Reagan em 1981). Com isso, muito se questiona sobre o que existiria em O Apanhador no Campo de Centeio para estimular esse instinto.

Fiz algumas pesquisas pela internet para entender, mas encontrei muita conspiração e poucos fatos. Sendo assim, vou tentar responder baseada na minha leitura. De fato, Salinger consegue despertar nossa mais pura empatia com o personagem. Talvez seja por isso que Chapman tenha escrito "Para Holden Caulfield; De Holden Caulfield" em seu exemplar do livro. Ou seja, ele sentia uma profunda identificação com o protagonista. 

Mas o que não consigo entender é o que em Holden motivaria um crime, já que, na minha cabeça sã, o personagem tem um bom coração e, em nenhum momento, demonstra agressividade.

Caso você tenha lido O Apanhador e tenha se deparado com algum trecho suspeito, por favor, comente, porque estou curiosíssima para saber :)

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Ju A Melhor 16 de Outubro de 2014 às 18:04

Tem razão!! Eu fiquei desejando encontrá-lo é saber o que diabos ele pensaria de mim.