Renato Russo - O filho da Revolução

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Descrição da Amazon

A música e o trabalho de Renato Russo estão enraizados na minha memória. A minha relação com eles começou bem cedo, pois a minha mãe sempre foi uma fã apaixonada da Legião Urbana. Cresci ouvindo Renato Russo na minha casa.

Fiquei muito feliz em ser escolhida, depois de uma dura disputa, para encarnar a Maria Lúcia, em Faroeste caboclo. Faço a minha estreia no cinema realizando um grande desejo: encontrar um desafio e me sentir pronta e com energia para enfrentá-lo. Cheguei a ele: dar vida a essa menina tão cheia de conflitos e causas.

Muita gente me pergunta: por que as pessoas devem assistir ao filme Faroeste caboclo. A música faz parte de uma geração inteira. É uma história que ocorre em meio à ditadura militar, mostrando a reação dos jovens àquilo tudo. E não posso deixar de destacar os personagens complexos criados pelo Renato. Quem não tem a curiosidade de saber como a Maria Lúcia, o João e o Jeremias eram, como eram suas vidas, seus hábitos? E por que “Maria Lúcia com Jeremias se casou”? É claro que no cinema o mecanismo é diferente, mas acredito que deu certo, e a Maria Lúcia passou a existir na sua forma completa, assim como o João e o Jeremias.

Viva Renato Russo!

Nenhum homem vive solto no tempo e no espaço. Muito menos o gênio paira acima das coisas terrenas. Embora tenha nascido no Rio de Janeiro, Renato Manfredini Jr. tornou-se Renato Russo num tempo e num espaço precisos, de meados da década de 1970 a meados da década de 1980, em Brasília. O líder da Legião Urbana, conjunto de rock mais popular da história do país, não poderia ter emergido de outro momento ou lugar.

Jornalista em Brasília, como Renato foi um dia, Carlos Marcelo rastreia a energia criadora do ídolo pela cidade. Com finíssimo texto e colossal apuração, ele reconstrói a Brasília da Turma da Colina. Que cidade linda, tediosa e insurgente. Partida e chegada do seu inquérito sobre Aborto Elétrico, Trovador Solitário, Legião, heterônimos que Renato –

– criou no decorrer de seus 36 anos de existência.

De um lado, vivia-se sob um céu fechado: a metade final da ditadura militar implantada pelo golpe de 1964. Do outro, avistava-se um horizonte ilimitado, tão ou mais característico do que os prédios de Niemeyer na cidade inaugurada pelo presidente Juscelino Kubitschek em 1960, mesmo ano em que Renato nasceu. Foi dessa dialética entre fechamento e abertura que o artista, antena de TV da raça, captou forças (e fraquezas) para retransmitir ao Brasil hinos informais como “Que país é este” e “Perfeição”.

Contudo, e esta é uma das delícias do livro, Renato Russo não é filho único daquilo que os militares chamavam de revolução. Carlos Marcelo invoca sua Geração Coca-Cola, evoca o prazer de se fazer amigos e músicas, e de se influenciar multidões, nos anos 1970/80. Assim, por instantes, Renato Manfredini Jr. se torna quase coadjuvante da própria história. Como Bob Dylan nos filmes de Martin Scorsese. Renato Russo adoraria essa comparação.