Assim falou Zaratustra

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Descrição da Amazon

Os títulos das obras de Nietzsche são peculiares em relação aos dos textos filosóficos em geral: na maioria deles não encontramos termos como “crítica”, “ensaio” ou “tratado”, mas expressões ou substantivos evocativos, por vezes de natureza poética. Mesmo entre esses títulos,

tem sua peculiaridade própria.

Primeiro, quem é esse personagem? Ele se baseia numa personalidade histórica, da qual, porém, sabe-se muito pouco. Zaratustra ou Zoroastro - seu nome grego - viveu em algum momento entre os séculos XII e VI a.C., na Pérsia. A ele se atribui uma concepção do universo em que o mal ou a escuridão se acha em perene conflito com o bem ou a luz, doutrina que depois seria registrada no Zend-Avesta. Numa passagem de

, Nietzsche justifica da seguinte maneira a escolha desse personagem: “Zaratustra foi o primeiro a ver na luta entre o bem e o mal a roda motriz na engrenagem das coisas - a transposição da moral para o plano metafísico, como força, causa, fim em si, é obra sua”.

Sabemos que no século XIX havia grande interesse por temas orientais na Europa: o orientalismo, e especialmente o zoroastrismo, estava em voga. Nos cinquenta anos antes da publicação do

, apareceram mais de vinte livros sobre o Zend-Avesta e seu inspirador. E, sendo Nietzsche um filólogo clássico, que tinha amigos especializados em culturas orientais, era inevitável que se interessasse pelo tema.

Um dos trabalhos filosóficos mais lidos e influentes de todos os tempos,

talvez deva sua extraordinária fortuna ao seu caráter híbrido: filosofia, religião e literatura nele se juntam de maneira complexa e atraente. Ao publicar

, livro imediatamente posterior, Nietzsche revelou ao amigo Jacob Burckhardt que a nova publicação continha “as mesmas coisas que havia dito antes pela boca de Zaratustra, mas de modo diferente, bem diferente”. De fato, o leitor reconhecerá, na linguagem metafórica e alegórica dos discursos e diálogos de Zaratustra, muitas das ideias que seriam desenvolvidas em prosa reflexiva nas obras posteriores - ou que já haviam sido abordadas em

e

, livros aos quais ele chegou a se referir como “comentários ao Zaratustra antes que ele aparecesse”.