1942 - O Brasil e sua guerra quase desconhecida

1942 - O Brasil e sua guerra quase desconhecida

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Descrição da Amazon

Do alto da minha ignorância — e tenho 1,89m —, sempre achei que haviam sido as rajadas da metralhadora (aquele instrumento que sempre dá a mesma nota, ra-tá-tá-tá), bem como o rufar dos tambores (ou, claro, o da bateria), que tinham levado meu amigo João Barone a se apaixonar obsessivamente pela Segunda Guerra Mundial. Afinal, como eu, ele não deixa de ser um garoto que, além de amar os Beatles e os Rolling Stones, segue aguardando pela morte (de preferência lenta e dolorosa) dos

. Mas, qual o quê! Foi somente quando cheguei ao final do primeiro e espetaculoso parágrafo desse livro que vim a descobrir que Barone é filho de um dos tantos João Silva que cruzaram o oceano e moveram montanhas para lutar contra a infâmia nazista e a sombra do totalitarismo mais repugnante que surgiu sob os céus.

Sim, João de Lavor Reis e Silva foi um dos pracinhas da FEB que ajudou a tomar o Monte Castello das mãos dos “tedescos” e “chucrutes”, libertando parte da Itália e colaborando para que os servos de Hitler fossem, pelo menos naquele momento e local, varridos do mapa. Esse nosso João era um dos 25 mil brasileiros, muitos deles de perfil heroico, que tomaram parte numa das únicas guerras “dignas” na qual o Brasil se meteu. Sim, porque na escola nos ensinaram uma antiga lição: que nossa história é mansa e pacífica e somos a pátria do “homem cordial”. Bem ao contrário, a trajetória histórica do Brasil é repleta de sangue e suor, e abunda em conflitos sórdidos, nos quais, com exceção de algumas genuínas revoltas populares, o país jamais se furtou de exibir sua face cruel.

Mas daquela vez não. Depois de muita hesitação, e dos volteios do que já foi chamado de “neutralidade interesseira” do ditador Vargas, o dramático torpedeamento de navios de passageiros em águas territoriais nacionais levou o Brasil a enfim declarar guerra à Alemanha nazista e a pegar em armas, mirando-as na direção certa. Para preencher as lacunas e reticências deixadas pela relutância de seu pai na hora de relembrar os terríveis episódios vividos por ele na Itália, Barone trocou as baquetas pelo teclado de seu computador. Ali, batucou furiosamente esse relato comovente, dinâmico, arrebatador e fluente.

Escrevendo em “linguagem de dia de semana” (como diria nosso amigo comum, Pedro Bial), Barone oferta a seus leitores esse livro repleto de aventura, ação e reflexão. Ao fazê-lo, juntou-se ao exército de autores que, mesmo não tendo cursado História, está de prontidão para vir em seu resgate.

É claro que ainda não dá para saber se ele vai subir ao topo das paradas — nesse caso, as tais “listas de mais vendidos” —, como tão galhardamente, e há mais de 30 anos, vem fazendo sua banda, Os Paralamas do Sucesso. Mas isso importa menos do que o prodígio aqui concretizado: um convite irrecusável para que o público letrado em geral, e a garotada fã dos Paralamas em particular, possa acompanhar, de olhos bem abertos, o momento em que o Brasil pegou em armas e lutou do lado certo. Afinal, nem sempre foi assim…

“A Segunda Guerra vista por João Barone, filho do pracinha João Silva, é a dos ‘aliados da emoção’. Poderia ser o nome de um novo conjunto pop, mas a bateria aqui é outra.”

“Faça como o João Barone, não esqueça a Segunda Guerra Mundial. Somos filhos dela, independente de nossas idades.”

“O que se narra aqui não é apenas o relato da participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial. Apesar de o livro servir também como narrativa histórica impecável — e os historiadores que se cuidem, pois um baterista da linha de frente do rock brasileiro decidiu se entrincheirar pelo território inconstante da História —, o que se revela é a odisseia particular de um filho em busca do pai.”